Fechada para o Inverno | Jørn Lier Horst | Dom Quixote | Opinião

By Vera Carregueira - 16:42



A densa névoa outonal paira sobre a costa norueguesa. Antes de a fechar para o inverno, Ove Bakkerud pretende desfrutar de um último fim de semana na sua casa de férias. No entanto, à chegada, depara-se com o caos após um assalto. E na casa vizinha um homem foi espancado até à morte… O detetive William Wisting já viu homicídios grotescos no passado. Contudo, é a primeira vez que constata um desespero como o que, neste outono, testemunha em Stavern. Como se alguém tivesse tudo a ganhar e quase nada a perder. Por isso, não fica muito satisfeito quando a filha se muda para uma casa junto à boca do fiorde. A sua preocupação aumenta à medida que vão aparecendo cadáveres gravemente mutilados nos recifes. E do céu começam a cair pássaros mortos…








Antes de iniciar a opinião propriamente dita tenho de referir dois detalhes neste livro que me agradaram bastante. Primeiro a estética pois temos de concordar que uma boa capa salta à vista e esta não é excepção, adoro-a, dá-nos a sensação de frio que sentimos muitas vezes ao longo da narrativa também. Depois a nota introdutória da editora onde nos é explicado todo o percurso pessoal e algumas nuances da vida profissional de Wisting. Esta nota é fundamental para a leitura pois não nos sentimos perdidos ao longo da narrativa, dando-nos informações cruciais que facilitam bastante um conhecimento aprofundado do protagonista.

Em relação a esta história propriamente dita há vários aspectos a referir. Tenho de começar por referir que foi o primeiro livro que li cuja acção se passava na Noruega, apesar de não ser o primeiro policial nórdico. A referência às paisagens, aos fiordes, à cultura norueguesa foi um aspecto que sorvi com alguma sofreguidão, adorei todos os factores geográficos e o facto de a acção se centrar numa região menos cosmopolita.

Também achei muito interessante a forma como a vida profissional e pessoal de Wisting se cruzava e como o autor conseguiu com bastante mestria conferir-lhe um realismo único que advém, certamente, da sua experiência pessoal. 

O narrador é omnipresente e alterna entre Wisting e a sua filha, jornalista criminal,  que se refugia numa cabana na floresta para conseguir colocar a sua vida em ordem. É muito interessante vermos a interação entre pai e filha principalmente sendo Wisting detetive e a sua filha jornalista havendo sempre cuidado especial na forma como interagem.

Achei o enredo lento porém muito credível, as investigações não são feitas em dois dias e vamos recebendo as informações de forma gradual que acaba por aguçar-nos os sentidos e fazer-nos querer juntar as peças.

Começamos a narrativa com um homicídio mas depressa percebemos que estamos perante algo muito maior, redes criminosas, narcotráfico, crime organizado e tudo isto juntando a uma série de homicídios que poderão ter ou não uma ligação. Vamos ver também a forma como os vários departamentos das forças policiais norueguesas colaboram entre si para concluir um caso bastante complicado.

Não foi difícil ver como seria o fim do livro, percebemos depressa quem são os culpados mas o que vamos descobrindo é a forma como vão actuando porém há um twist mesmo nas últimas páginas que me apanhou completamente desprevenida e que me fez pensar "não estava mesmo nada à espera desta" e é detalhes como estes que me faz adorar o género.

Confesso que esperava algo mais violento, com cenas macabras e/ou sangrentas ou então com terror psicológico, não encontramos nada disso, acabando por ser uma leitura bastante leve dentro do género, esta é contudo apenas a minha segunda incursão nos policiais nórdicos portanto ainda estou a descobrir as suas maravilhas. Jørn Lier Horst é um autor a seguir e esta série está sem dúvida na minha lista prioritária.




Exemplar gentilmente cedido pela Dom Quixote para opinião honesta


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