[Opinião]A Árvore dos Segredos de Sarah Addison Allen

By Raquel Maia - 22:56


Autor: Srah Addison Allen
Edição/reimpressão: 2011
Páginas:276
Editor: Quinta Essência
Sinopse:
Sarah Addison Allen dá-nos as boas-vindas a uma nova povoação: Walls of Water, na Carolina do Norte, onde os segredos são mais espessos do que o nevoeiro das famosas quedas-d’água da cidade, e as superstições são, de facto, reais.
Willa Jackson vem de uma antiga família que ficou arruinada gerações antes. A mansão Blue Ridge Madam, construída pelo bisavô de Willa durante a época área de Walls of Water, e outrora a mais grandiosa casa da cidade, foi durante anos um monumento solitário à infelicidade e ao escândalo. E a própria Willa há muito se esforçou para construir uma vida para lá da sombra da família Jackson. Não é tarefa fácil numa cidade moldada por anos de tradição e com fronteiras bem demarcadas entre ricos e pobres.
 
Opinião:
Fui seduzida pelas histórias e pela escrita da Sarah Addison Allen quando li "O Jardim Encantado", que adorei e logo soube que tinha de ler todos dela. Mas de facto este foi o meu preferido.
Neste livro, conhecemos os mundos diferentes de Paxton Osgood e de Willa Jackson que, ao fim ao cabo, estão ligados e voltam-se a ligar 75 anos depois.
Paxton decide restaurar e trazer nova vida à mansão Madam, onde a sua avó e a avó de Willa tinham formado um clube de sociedade feminina. Ao restaurar a mansão, desenterraram-se segredos do passado que há muito estavam esquecidos, dando uma volta descomunal na vida das personagens.
Aquilo, que acho, que toda a gente passou, o passado do liceu ou da secundária em que somos levados para os chamados grupos, em que somos rotulados, foi o que aconteceu às personagens: uma rebelde, a menina perfeita, a aberração e o homem esperto, pertencentes a diferentes grupos, descobrem que o passado é passado e que só lhes resta é viver o futuro, sem ter tempo para olhar para trás.
Um pessegueiro, um belo pessegueiro que não era suposto estar no jardim. Nunca esteve a não ser no final do clube. E agora Paxton quer destrui-lo, deitá-lo abaixo, apenas para a casa ser como era. As avós sabem porquê que aquele estúpido pessegueiro não deve ser deitado abaixo, há demasiada história por baixo dele, demasiadas coisas para se esconder. E Paxton só acredita nisso quando e encontrada uma mala no meio das raízes.
Willa e Colin foram as duas personagens que adorei, talvez por me identificar com eles, simples e completamente perfeitos.
Paxton nem tanto, mas pela sua maneira de ser, é uma personagem igualmente forte, mas por vezes irritava-me. O que é bom! Sarah Addison Allen tem essa magia, de criar personagens que nos parecem reais, porque nos faz ligar a elas, amando-as ou odiando-as, tipicamente "escolar". Mas Paxton vive disso das aparências.
Com uma escrita fluída e apaixonante, a autora consegue prender-nos e fazer-nos sentir culpados se pararmos de ler o livro, mostrando-nos o que a amizade quer realmente dizer.
Acolhedor e simplesmente maravilhoso, volto a repetir que foi dos melhores livros que li.

Deixo uma parte que pode ter spoiler.

"- Tens razão, apaixonar-me por ti, foi algo que aconteceu naturalmente. E essa é a melhor coisa que resultou das minhas visitas.
- Já te disse várias vezes que deixasses de passar cá quando estás cansado. Dizes coisas que não deves.
Colin levantou a cabeça, olhando para ela com uma expressão séria.
- E porque não devia ter dito isso?
- Porque não sei se sabes quem realmente sou. - respondeu ela com sinceridade.
Como poderia ele saber, quando ela própria só recentemente começara a descobrir isso?
- Pelo contrário. Tenho andando a prestar muita atenção.
- Diz-me isso pela manhã e talvez acredite em ti. - retrucou Willa, com um abanar de cabeça.
- Está bem.- estendeu as mãos para os lados, passando-as pelo estofo do sofá. - Posso dormir outra vez no teu sofá? Foi a única boa noite de sono que tive desde que cheguei.
- Está bem. - concordou Willa, suspirando. - Vou buscar uma almofada.
- Não, não quero nenhuma almofada. - recusou Colin. - Só tu.
(...)
Colin inclinou-se para ela, obrigando-a a deitar-se de costas. Ainda de pé, mas as mãos ao lado do tronco dela, fitou-a e disse:
- Willa?
- Sim?
- Já é de manhã.
- Eu sei.
- E continuo apaixonado por ti."



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